Empresa aérea estatal cubana diz que fornecedores se recusaram a abastecer voos autorizados
A empresa aérea estatal de Cuba, Cubana de Aviación S.A., informou que fornecedores de combustível na Argentina se negaram a prestar serviços para seus voos autorizados no país e que teve que cancelar operações nesta terça (23) e quarta-feira (24).
Segundo a estatal cubana, os voos foram cancelados “diante da abrupta negativa das empresas fornecedoras de combustível de aviação na República Argentina de prestar serviço (…) invocando as disposições das medidas de bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba”.
Em comunicado, publicado pelo ministério cubano das Relações Exteriores, a empresa diz que a negativa se estendeu a outras companhias aéreas contratadas para que os passageiros dos voos cancelados pudessem ser transportados.
Os Estados Unidos aplicam um embargo contra Cuba desde a Revolução Cubana, de 1959, que levou Fidel Castro ao poder. A medida impõe sanções a empresas que fizerem negócios com o governo cubano ou que comprem produtos e serviços do país.
A empresa estatal cubana tem uma rota semanal com a Argentina, país com o qual voltou a ter operações no ano passado, após a interrupção pela pandemia da Covid-19
A CNN teve acesso a um documento enviado pela empresa cubana à petrolífera argentina YPF, de maioria acionária estatal. No texto, companhia aérea diz que houve uma “decisão intempestiva e infundada de negar arbitrariamente à Cubana [de Aviación] o fornecimento e o abastecimento de combustível para seus voos, que foram autorizados pela Administração de Aviação Civil da Argentina, o que representa um grave descumprimento contratual”.
Também intima a petrolífera a retomar e garantir a prestação de serviços sob sua responsabilidade e cumprir as obrigações do contrato vigente e restabelecer, sem demoras, o normal abastecimento de combustível para as operações. Do contrário, a empresa cubana promoverá ações judiciais contra a empresa.
Uma fonte da petrolífera argentina disse à CNN que a YPF decidiu encerrar a relação comercial com a empresa cubana a partir de aumentos de controles do Departamento de Justiça e do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos. E que por ter ações cotadas na comissão de valores mobiliários do país, a empresa argentina não poderia descumprir as normas impostas pelos norte-americanos.
Procurada pela CNN, a secretaria de Transporte da Argentina disse que a compra e venda de combustíveis são uma questão empresarial, mas que irá realizar uma reunião de trabalho com uma autoridade da estatal aérea cubana nesta sexta para se informar da situação.
A CNN entrou em contato com a YPF e com a chancelaria argentina, que ainda não se posicionaram.